quinta-feira, 9 de julho de 2009

A importância do fim de semana para o "Homo bossalis"

Artigo publicado na Revista Vencer, edição 86 pág 34 a 36 - Nov/2006.

Fim de semana, sol maravilhoso, parque do Ibirapuera lotado, crianças, esportistas, bicicletas, cachorros, sorvete, água de coco, futebol, pipoqueiro, sorveteiro, show, carros demais, tudo excessivamente lotado e, nessa muvuca, tive um insight, ou seja, aquela iluminação súbita que abriu minha terceira visão, transcendi. A informação veio totalmente decodificada e a mensagem cósmica era clara como essa luz que nos ilumina: "A importância do fim de semana para o Homo bossalis".

Homo bossalis deriva da linguagem popular boçal, estúpido, enfim, o indivíduo que não consegue andar e falar ao celular ao mesmo tempo, pois se fizer esses dois movimentos simultaneamente vai morder a língua ou tropeçar..

Homo bossalis é o resultado "involutivo" do Homo sapiens. É o idiota que só pensa em Sexo, Tempo e Dinheiro. Possui 10 pares de sapato quando só tem 2 pés, adora amuletos, procura uma religião para se "enturmar", tem pavor de ficar sozinho, adora fofoca, fila, convenções, dogmas, rituais, santo, ídolos, adora torcer para um time, considera bacana agredir-se tatuando o próprio corpo ou colocando piercing; adora fazer filhos irresponsavelmente, só pensa em ter coisas, promove guerras, adora seguir o fluxo...

No banheiro do Homo bossalis encontramos as seguintes recomendações: "Não urinar fora do vaso"; "Após usar o vaso, puxe a descarga"; "Não jogar papel higiênico dentro do vaso sanitário" e, mesmo com todos esses avisos ele literalmente emporcalha o recinto. Identifica-se o seu restaurante quando existe o aviso "Visite nossa cozinha".

Graças ao Homo bossalis continuamos poluindo o ar, as águas, desmatando, estamos depredando todo o ecossistema com a vã ilusão de que estamos melhorando as nossas vidas. Se você não consegue perceber toda essa depredação, se você não percebe essa falência, parabéns! Você se tornou um Homo bossalis. Essa cultura criou uma superpopulação sem utilidade, sem proposta, sem causa, todos correndo atrás de Sexo, Tempo e Dinheiro. Sabe-se que a unanimidade é burra...

Segundo a teoria criacionista, o universo foi criado em sete dias, de domingo a sábado. O Homo bossalis foi criado no sexto dia. O sexto dia é a... sexta-feira. Espera aí... Sexta-feira é o dia mundial da cerveja! Cá entre nós: o que se pode esperar de uma cultura criada na sexta-feira? Estava tudo maravilhosamente pronto... É isso aí, fomos criados para contemplar, ou melhor, para realizar!

A realização é o compromisso que você assumiu para ganhar esse presente que é a VIDA. Observe na sexta-feira as pessoas no trânsito, no ônibus, metrô, avião, trem, lotação, todos estão felizes, pois vem aí o fim de semana! 98% da nossa cultura que trabalha, adora fim de semana, se for feriado prolongado... Vira festa.. Adoramos férias e estamos sempre em busca da nossa tão sonhada aposentadoria.

E sabe por que? Porque 98% da população trabalha fazendo o que não gosta para sobreviver, por isso tornou-se uma cultura de Homo bossalis infeliz, e uma cultura infeliz se auto-agride e o meio é o efeito. Essa agressão começou na Revolução Agrícola, pois todos, sem exceção, foram obrigados a trabalhar para comer. Hoje, 10 mil anos depois, continuamos trabalhando para comer, e mal.

Na Revolução Industrial acentuou-se a agressão e agravou-se na Revolução Cibernética. Evolução é natural, Revolução é imposta. Revolução traz DOR, perda e sofrimento. Na Revolução agrícola, lavraDOR. Revolução Industrial, operaDOR. Para acordar o trabalhaDOR, despertaDOR. Agora, o pilar da Revolução Cibernética é o computaDOR.

Você está trabalhando ou Realizando? O que você faz hoje tem relevância? Já se pegou no fim do ano olhando o calendário, agenda, folhinha, só para saber quantos feriados prolongados vai ter no ano vindouro? A cultura Homo bassalis está infeliz!

15 segundos para pensar, só pensar... O que o leitor faria se ganhasse Um Milhão de Dólares nesse instante? Isso mesmo, Um Milhão de Dólares... Pensou? Pois bem, se não aplicou esse dinheiro naquilo que está fazendo hoje, você é infeliz e trabalha. Carrega consigo a Síndrome do Vazio Interior, ou seja, aquela sensação de que está sempre faltando alguma coisa. Você ganha dinheiro, mas não preenche, troca de carro, troca de esposa (marido), muda de casa, faz turismo, compra um iate, faz filho e ainda assim a sensação continua... Está faltando alguma coisa. Oportunamente as igrejas tentam preencher esse vazio com Deus, as empresas com o consumo, mas a única forma de eliminar a Síndrome do Vazio Interior é a Realização.

Nossa cultura está tão infeliz que já é possível mensurar a sua infelicidade. Podemos medi-la pelo volume dos bolões das loterias, pelo crescimento vertiginoso de adeptos em religiões e pela altura dos muros e das grades nas residências... É premente a Reciclagem de Hábitos, Atitudes e Valores. Pois, uma cultura infeliz se auto-agride e o meio é o efeito.

Não adianta abraçarmos as nascentes, os rios ou as represas, pois o planeta é um organismo vivo e por si só se regenera. É ineficaz o assistencialismo, o paternalismo ou doações para instituições como "desencargo de consciência", pois o problema está no Homo bossalis, enquanto não reciclarmos nossos Hábitos, Atitudes e Valores, continuaremos poluindo e agredindo a humanidade. Precisamos "Acalmar o Racional para REALIZAR", pois é a única forma de evoluirmos de Homo bossalis para Homo sapiens.

Ao tentar pela terceira vez passar pela porta giratória do banco, tive um insight, ou seja, aquela iluminação súbita que abriu minha terceira visão, transcendi. A informação veio totalmente decodificada e a mensagem cósmica era clara como essa luz que nos ilumina: "Acalmar o Racional".

O leitor sabe acalmar o Racional?


Artigo publicado na Revista Vencer, edição 86 pág 34 a 36 - Nov/2006.

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