terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Emoção indescritível

Sexta-feira 13, de 2009. Um dia aparentemente normal, exceto pela superstição, que não é à toa!
A noite, eu sabia, não seria como uma noite qualquer, afinal era a estréia de uma grande amiga. Hora de rever pessoas queridas, de enfim, ver no que resultou o trabalho do ano passado, de toda a dedicação empregada.
Chegamos cedo. Logo garantimos nossos ingressos, já que os lugares eram limitados, apenas 60.
Aos poucos o saguão do Santelisa foi ficando cheio. Os rostos conhecidos teimavam em aparecer e pelo menos naquela noite, novas faces faziam parte do cenário do local. Afinal, novos alunos faziam parte da ONG. Quem vai ao teatro e eventos culturais, sabe que são sempre as mesmas caras, independente do evento que tiver! Pois é, ainda dizem que a cultura é pra poucos! Uma peça como aquela e tantas outras que ali, no sesc, no municipal, no arena, etc, já vi, por 4, 8, 10 reais... ou até de graça!
Aquela noite, sim, seria especial! E foi! Porque além de saber que estava amparada por um ótimo local, a atuação da Bianca não deixaria nada a desejar.
Chegou a hora, entramos!
Logo de cara vimos porque haviam poucos lugares. Era uma proposta diferente do convencional, as cadeiras estavam no palco e este, por sua vez, tinha uma espécie de plástico onde seria a atuação da atriz, já que se usaria líquido por ali, por isso estava "forrado".
Sentamos nas cadeiras disposta à frente da área de atuação, na verdade na lateral, mas eram as cadeiras da frente.
Bianca estava logo à direita, sentada no piano, de costas para o público. Com um vestido branco, de noiva.
As pessoas se acomodaram rapidamente. O silêncio se fez quase por completo e os dois sinais foram tocados. Logo, o Matheus falava no microfone, da cabine de som, sobre a peça. Que saudade que me deu esse momento, de quando estreiamos em PEDREIRA DAS ALMAS: Com os corpos inertes, deitados no chão, ouvíamos as pessoas sentarem nas cadeiras (eram 150 lugares e quase todos completos), enquanto tentávamos nos concentrar, logo o mesmo era feito, falavam sobre a peça no microfone - Senhoras e sonhores, o Espaço Cultural Santelisa Vale e a ONG Ribeirão Em Cena, tem a honra de apresentar, o espetáculo PEDREIRA DAS ALMAS....
E agora, era diferente... VALSA Nº 6! Isso foi anunciado naquela sexta-feira. O melhor foi ouvir o nome BIANCA GONÇALVES, que há poucos meses atrás estava envolvida no mesmo projeto que eu, que aliás, fazia a filha de minha personagem.
Sim, meu coração se emocionou ao ver que em tão pouco tempo os frutos estavam sendo colhidos. E o melhor, por alguém que eu tanto gosto, que conviveu intensamente comigo no último ano e especialmente no mês de janeiro 2009.
Tocaram os três sinais. O silêncio se fez por completo. Ela começou a tocar uma música no piano (agora eu havia percebido o que ela fazia com meu teclado durante todo aquele tempo! rs). A música era linda e dava a atmosfera da peça, colocava tudo e todos na mesma vibração.
Após tocar um breve trecho, a Bianca se levantou e com aqueles olhos expressivos começou a dar o texto. Não somente seus olhos e sua boca falavam, mas todo seu corpo. Pude ver ali uma personagem, mas acima de tudo, sentia a felicidade daquela pequena ao começar uma etapa tão importante para ela naquele momento. E como a mãe que tem orgulho da filha, me emocionei, quase chorei! Meu corpo todo estremeceu.
Por um instante, lembrei-me de minha mãe, que disse ter chorado desde o momento que entrei no palco. Daí senti-me mãe . Eu não sei como é sentir-se mãe. Pude sentir um pouco disso em Pedreira, especialmente no momento em que Martiniano (meu filho) morria. O momento em que eu estava no palco, era mágico pra mim, pois me transformava em Urbana e por amar e compreender tanto essa personagem, eu realmente me sentia como ela.
Eu achava que era impossível ter essa sensação fora do palco, fora da atuação. Mas, no instante que vi a Bianca, encenando, seus olhos reluzentes, felizes, senti-me como que dentro da própria peça. Ela conseguiu despertar em mim a vontade de fazer parte ainda mais desse universo mágico, do teatro. Senti orgulho por ela conquistar, tudo aquilo que era tão importante pra mim e mais ainda para ela, que sempre foi muito dedicada. A gente se dedica de verdade naquilo que ama!
A peça foi maravilhosa. Vi a evolução da Bia, principalmente no quesito que ela tinha mais dificuldade, a dicção. O trabalho intenso realmente havia dado mais corpo e presença para ela.
Sei que sou suspeita para falar, pois além de amar esta arte e fazer parte dela, amo também essa pequena, que é tão importante para mim! Que levante alguém e diga o que sentiu, garanto que esse sentimento estava presente pelo menos em 90% das pessoas. Mesmo nas que não sabem o que significa tudo isso, essa magia percorria seus corpos e dava a precisão do que o teatro significa!
Não sei mais o que dizer. O nó na garganta me impede e faz com que meus pensamentos e minhas mãos trabalhem descompassados! Falta-me habilidade para colocar aqui tudo que se passa pela minha cabeça.
Eu finalizo dizendo, o quanto aquela sexta, o sábado e o domingo foram importantes para mim. Fiquei feliz e orgulhosa como a mãe fica de seu filho, quando vê que encontrou seu caminho. E também por fazer parte de algo tão grandioso, representado tão bem, por uma das melhores pessoas, pois esta pessoa ama de verdade o teatro!
Bia, espero que possamos caminhar juntas por um tempo ainda e que o teatro não saia nunca de nossas vidas!
Em especial, obrigada Gilson e todos que fazem parte desse maravilhoso projeto! Vocês trouxeram novamente à minha vida e a de tanta gente, a razão de viver! Parabéns Ribeirão Em Cena! Parabéns Júlio pela direção. E mais uma vez... PARABÉNS BIA!!!

Gabriela Grecco
FEV 2009

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